A autoestima na adolescência segundo a Gestalt-terapia: evidências e práticas clínicas
- Carolina Bittencourt

- 26 de out.
- 2 min de leitura
A adolescência é um período sensível de construção identitária no qual a percepção de valor próprio, ou seja, a autoestima, influencia risco e proteção para saúde mental. A literatura aponta que autoestima baixa está associada a maiores taxas de ansiedade e depressão na adolescência, enquanto autoestima sólida funciona como fator protetor.
Como a Gestalt entende a autoestima
Na perspectiva gestáltica, autoestima não é apenas uma avaliação cognitiva (“gosto de mim”); é um processo emergente do contato autêntico e da experiência no aqui-e-agora. Conceitos centrais incluem a qualidade do contato, a presença do outro significativo e a coerência entre palavra e gesto do adulto, todos essenciais para que o jovem possa internalizar um sentimento de valor sustentado. Estudos e trabalhos clínicos aplicados à adolescência descrevem intervenções que priorizam experimentos, rituais simbólicos e práticas de contato que ampliam a auto-percepção e a autoaceitação.
Evidências sobre intervenções gestálticas e resultados
Pesquisas controladas e relatos de intervenção indicam que programas e atendimentos baseados em Gestalt (individual e em grupo) podem melhorar medidas relacionadas ao bem-estar, comunicação e autoestima, especialmente quando voltados à construção de vínculo e expressão emocional. Revisões apontam efeitos promissores, ainda que a literatura precise de mais estudos longitudinais e com amostras maiores para estabelecer magnitude de efeito de forma robusta.
Mecanismos clínicos que fortalecem a autoestima (implicações práticas)
Contato autêntico: validar o sentir do adolescente (não só o desempenho) cria experiência de ser visto.
Coerência parental: a congruência entre o que o adulto diz e faz reduz a necessidade do jovem de performar para receber vínculo.
Experimentos terapêuticos: técnicas como self-box, role-play e exercícios aqui-e-agora promovem a expressão simbólica e a integração de aspectos negados do self, facilitando a autoaceitação. Há estudos de caso e relatórios de eficácia clínica nessa linha.
Recomendações para pais e escolas (práticas aplicadas)
Priorize perguntas que convidem ao relato (ex.: “O que aconteceu? O que você sentiu?”) mais do que julgamentos sobre desempenho.
Mantenha presença coerente diante dos erros: disciplina com vínculo é mais formativa que retirada de afeto.
Favoreça espaços seguros para expressão (família/ escola / grupos) onde o jovem possa experimentar ser visto sem precisar performar.
Essas ações têm respaldo teórico e são congruentes com intervenções gestálticas que mostraram melhora em indicadores psicossociais.
O fortalecimento da autoestima na adolescência demanda atenção ao modo como o adulto cria contato. Nao se trata apenas de elogios, mas de presença coerente, validação do sentir e oportunidades de integração. As intervenções baseadas na Gestalt oferecem ferramentas práticas e experimentais com evidência preliminar positiva; integrá-las com ações parentais e escolares aumenta a chance de resultados sustentáveis.

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