Como lidar com a separação dos pais? O que acontece com a criança em uma separação?
- Carolina Bittencourt

- 17 de nov.
- 2 min de leitura
A separação dos pais pode parecer, para o adulto, um processo de escolha, de crescimento ou de reajuste de vida. Mas, para a criança, o que acontece dentro dela é muito mais profundo: é como se o chão se movesse. Aquela base segura, que dava forma ao mundo, de repente muda — e ela precisa se reorganizar para continuar sendo quem é.
O que a Gestalt-terapia nos ensina sobre isso?
Na Gestalt-terapia, a gente acredita que o vínculo é um espaço vivo, onde a criança se reconhece e se constrói. Quando há uma separação, esse vínculo é mexido. Não é só que os pais deixam de dormir juntos, ou que há duas casas: acontece uma quebra emocional que a criança vai precisar entender e digerir — muitas vezes sem as palavras certas.
Por isso, a criança pode reagir de diferentes maneiras: fazendo silêncio, sendo agressiva, ficando mais dependente ou até demonstrando maturidade inesperada. Tudo isso é uma forma criativa de tentar se adaptar a algo que parece maior do que ela.
O brincar ajuda a colocar em palavras o que o corpo sente
A psicoterapeuta Violet Oaklander, referência no trabalho com crianças, dizia que o brincar é uma linguagem. No consultório, quando uma criança pega a massinha, constrói um castelo que desmorona ou desenha duas casas separadas, ela está “falando” sobre o que sente. Ali, com sua forma única de expressão, ela busca reorganizar o seu mundo interno.
E isso tem fundamento científico: estudos mostram que a expressão emocional durante experiências de estresse ajuda a reorganizar o cérebro em desenvolvimento, fortalecendo conexões importantes para a saúde emocional. O brincar é, então, uma ponte entre o que ela vive e o que ela pode compreender.
O que os pais ou cuidadores podem fazer?
Separar não quer dizer deixar a criança sozinha com a dor. Mesmo em casas diferentes, o que mais importa é o espaço emocional que ela encontra. Estar presente, mostrar que o amor dela não muda, que ela não é responsável pelo que aconteceu — tudo isso faz diferença na forma como ela vai atravessar o processo.
Mais do que encontrar “as palavras certas”, é estar para ela. Perguntar “como você está?”; acolher o choro; aceitar a raiva; dar tempo ao tempo — esses são gestos de presença que curam.
Para concluir…
A separação dos pais é uma perda, mas não precisa ser um trauma. Quando há espaço para sentir, se expressar e ser acolhida, a criança cresce com força e autenticidade. E você, adulto, faz parte dessa trama — como alguém que sustenta, escuta e acredita no espaço que ela precisa pra se reinventar.
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